quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Teratologia serão eles os monstros?



Como é a vida dos “monstros” reais?

Alguma vez já passou por sua cabeça o que significa nascer diferente e ser escorraçado da sociedade e por isso ser considerado  uma aberração, um monstro e sempre que você anda nas ruas, se é que você conseguirá andar, será apontado e ridicularizado, como se olhar no espelho? Bem vindo à teratologia, o “estudo dos monstros”.
Teratologia é o nome dado ao ramo da ciência que estuda os defeitos congênitos, seus mecanismos, causas. Podemos perceber a forma funesta que envolve o tema no próprio nome, o radical teratos, do grego, significa monstro. Deformações como um único olho à qual se dá o nome de ciclopia, síndrome de Hurler que conduz á morte apenas aos 10 anos, devido a uma disfunção no metabolismo de açúcar, as deformações faciais são tão severas que suas vítimas ficam parecidas com gárgulas, os gêmeos siameses, onde os gêmeos que deveriam ter se separado no desenvolvimento embrionário não se separam totalmente e se desenvolvem juntos parcialmente, uma vez que um desenvolve mais que o outro, chegando a ter muitas variantes como um gêmeo interno que se desenvolve no interior, a pessoa gera um segunda pessoa dentro de si, duas cabeças, dois pares de pernas e por aí variam os casos. Todas essas anomalias genéticas e muitas outras são do ramo da teratologia.

Atualmente com o avanço da Genética pode-se saber mais sobre essas anomalias e, em alguns casos, revertê-las. Hoje em dia, apesar de ainda ser um ramo que necessita crescer muito sabe-se que as alterações no código genético, nos genes, esta na desativação ou ativação de um gene que era para estar inativo ou mesmo que desenvolveu um padrão disforme do original. Estas são as maiores responsáveis pelas anomalias e os “monstros” humanos. Sabe-se atualmente que cerca de 15% são de causas puramente genéticas, outros 15% são de causas predominantemente ambientais e outros 20% seriam decorrentes de fatores ambientais aliados a genéticos. Sendo que aproximadamente 60% são de causas desconhecidas.
Porém nos dias de hoje ainda aceitamos melhor estas pessoas. Nos tempos passados eram considerados verdadeiras aberrações da natureza, não nos espantemos de muitos dos mitos, criaturas monstruosos terem surgido devido ao medo que as pessoas nutriam por todos que nasciam assim. Na Grécia, sociedade que cultuava o belo, a perfeição, todas as crianças com alguma anomalia eram sacrificadas, ou deixadas sozinha para morrer. Em Esparta eram todas assassinadas assim que nasciam se apresentassem algum “defeito”. Àqueles que apenas apresentavam a disfunção tardiamente era abandonada, sofria o pior de todos os castigos para um ser humano,  a humilhação por nascer diferente e ninguém entender o que você é.
Conforme o tempo passou e o paganismo perdeu forças o monoteísmo se apoderou do mundo e as coisas não mudaram. Na verdade talvez possa se dizer que pioraram, se é que era possível. Na sociedade feudal, na Idade das Trevas, o que  significa ter a aparência de um monstro? Duas cabeças, um único olho, pelos por todo corpo, uma mulher barbada, membros em lugares que não deveriam existir e outras infinidades de mutações, significava a ação do demônio, hora da inquisição agir, da tortura, do sofrimento, como se já não bastasse ter que se olhar no espelho e saber que o mundo nunca irá te ver com outros olhos além dos de um monstro.

Nossas histórias atuais demonstram isso, você já Leu Corcunda de Notre dame? Um livro que conta a história de um homem corcunda, com o rosto deformado, quase surdo pelos sinos da Igreja, então como as pessoas o vêem? Como uma das gárgulas, ou apenas uma diversão bizarra, não tem sentimento. Se não o conhece talvez conheça Frankenstein, criado por um cientista, ganha vida e o seu criador o abomina, o considera um ser sem sentimento, algo inescrupuloso e asqueroso. O seu próprio criador o vê assim, então como ele pode encarar o mundo? Um livro tocante e nos faz sentir, ao menos aqueles que possuem empatia pelo outro, o que é estar no lugar do outro.
Mas podemos dizer que estas pessoas também ganharam destaque exatamente por serem diferentes. Na antiguidade os haréns eram repletos de pessoas com alguma anomalia, eram considerados como um prêmio, um troféu, uma peça de coleção asquerosa, mas que valia a pena ter como parte de suas bizarrices, pouco importando quem sejam essas pessoas “anormais”. Temos isso muito destacado no filme Calígula, um filme chocante, ao menos para os nossos padrões atuais do que é um filme. No filme, nos trechos em que são mostradas cenas do harém são mostradas muitas pessoas com anomalias nas cenas, parte da sodomia reinante.

Mais recentemente eles “ganharam” carreira em um lugar que provavelmente você deve saber, o Circo. Você sentiu curiosidade em ver a mulher barbada? Ou o que eles chamavam de circo das aberrações? Então, alguma vez passou pela sua cabeça a humilhação que significa ser mostrado como um animal em um zoológico para as pessoas apontarem e rirem de você? E pior, muitas vezes ficavam realmente em jaulas, como animais ferozes, sem falar em chamadas como “VENHAM VER OS HORRORES DA HUMANIDADE, MONSTROS VIVOS”.
Um exemplo dessa degradação é o caso de Júlia Pastrana, a mulher barbada que causou sensação ao ser exibida como uma espécie intermediária entre o ser humano e o macaco. Segundo o que se sabe, que não é muito confiável, ela era um índia mexicana, nascida em 1834. Ela tinha pelos grossos e abundantes não só no rosto como nos braços. Com apenas 20 anos ela excursionava pelos EUA como a “Maravilha híbrida”. Ela seguia pelo mundo afora, passando pela Europa. Júlia era descrita como uma mulher delicada, talentosa e inteligente, seu agente, Theodore Lent, casou-se com ela, não se sabe se por seus encantos ou para preservar seu ganha pão. Júlia sofria muito por sua aparência, sentia vergonha de ser exposta como uma aberração, dizia a seus amigos.
Júlia Pastrana

Júlia ficou grávida, os médicos temiam que o parto fosse difícil, pois ela tinha uma pélvis muito estreita, mas deu à luz em 1860 a um menino, igualmente peludo, que viveu apenas 35 horas. Ela morreu apenas cinco dias depois.
Contudo sua história não termina aqui, na verdade apenas começa. Lent vendeu os corpos de Júlia e do bebê para um anatomista que os embalsamou. Mais tarde alegou seus direitos como marido e pai exigindo os corpos de volta. Voltou a excursionar pela Europa exibindo as múmias. Depois de sua morte, sua segunda esposa doou os corpos a um empresário alemão, um detalhe ela também era barbada. E com o tempo seus corpos ficaram vagando de museu em museu de curiosidades. Em 1990 foram encontrados num porão do instituto médico legal de Oslo. O médico Jan Bondeson examinou os corpos e concluiu que Júlia sofria não só de crescimento anormal de cabelos, como também deformações dentárias, com hiperplástia da gengiva. Segundo Jan Bondeson, Júlia Pastrana sofria de um síndrome rara da genética.

Depois de tudo isso fica a mensagem a você leitor. Agradeça por tudo o que tem, por seu corpo, imagine se fosse com você? Como você se sentiria? E também fica a dica, não tenha preconceito, todos somos humanos e temos sentimentos, não falo apenas de anomalias, mas também qualquer preconceito, seja ele racial, religioso, político, sexual não há razão para isso.
Que possamos em Breve Respeitar os Direitos dos Outros.
Um grande abraço
Pallas


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