quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O próprio tempo

O próprio tempo
Há muito tempo
Estou perdido.
Perdido no tempo
E a cada soprar da realidade
Me distancio do que é real
Como se a realidade não conseguisse me tragar
Para seus mistérios insondáveis
E me deixasse vagar livremente por este tempo
Onde não existe realmente um tempo
Onde tudo é o que é
O que será
E o que já foi
Neste limbo não há império da razão
Da ilusão
Os tronos da sabedoria caem
Por não haver sustentáculo para suas bases
Tudo rui em um caos eterno
E deste caos surge o equilíbrio
Dos corpos celestes
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Ao longe
Nos limites destes mares
Existe algo que brilha mais que o normal
Uma luz incessante
Vinda de confins inabitados
Como se o próprio universo se manifestasse
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Tropegamente consigo me aproximar
Indo em correntes de ventos celestes
Inconstantes e também não confiáveis
Surge então aos meus olhos uma divina visão
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Reinando em um reino de estrelas
Coroada com seus mares cascateantes que desciam por suas costas
Um eterno jorrar dourado alimento das estrelas circundantes
Espalhava-se por todo o universo
Uma fonte inesgotável
De alguma essência mística do universo
Fluindo...
Em bilhões de ramificações
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Não pude distinguir com certeza como era seu corpo
Era... translúcido e inconstante...
Mas também real e tangível.
Por sua disposição no cosmo pude pressentir que Ela
Sentava-se em algo muito semelhante a um trono
Porém formado pelas galáxias
Que recebiam as cascatas em seus interiores
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Calmamente ela cantava
Uma melodia inebriante
O cantar mais suave do pássaro com a voz mais bela da Terra
Se torna áspera e aguda se comparada a ela
Sua voz era os acordes do universo
Soando em uma harmonia eterna
Evocando as origens
Do próprio ser
Criando através das notas
Milhares de pequenos pontos
As estrelas nasciam através das notas de sua música
E morriam a cada nota encerrada
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Então o rosto virou-se
Em sua música da eternidade
E fixou-se em mim
Não há palavras para descrever o que pude ver
Mesmo que por breves instantes tive vislumbres de tudo o que foi
É
E será no universo
Quando minha mente começa a se despedaçar sob o peso das visões
Uma voz ecoa na música
Que pude reconhecer
E também qualquer ser poderia ouvi-la
Pois ela falava em todas as línguas
Para qualquer  ser poder ouvi-la
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Meu filho...
Teu tempo já não existe mais...
Por que vagas pelo universo?...
O que procura encontrar?...
Saibas meu filho que não é mais o tempo dos vivos...
O meu canto já não traz mais a vida
Ela leva a morte...
Suas notas maceram a existência
Obrigando-a a retornar a suas origens
É hora de um novo renascer...
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Seus braços se expandiram
E liberaram tal intensidade de poder
Que não pude distinguir mais nada
E agora estou aqui.
No limbo do tempo.
Não sei onde estou.
E o próprio tempo ruiu.
Para onde vou?









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