terça-feira, 18 de outubro de 2011

O rio das rosas


O rio das rosas
 
Caminhamos...
Em meio às flores
Flores mortas,
De uma primavera esquecida.
Esquecida em um mundo
Onde as cores se mesclam
Onde o véu da noite
Nunca cai
Onde o véu do dia
Nunca desce
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Neste mundo nós caminhávamos
Vi tu apanhares uma das rosas...
Negra
Como teu coração desesperado,
Quebrado pela dor...
Pela dor do passado
Onde nossa carne se desfaz.
A rosa que apanhaste
 Além das pétalas negras
Possuía também seus espinhos
Coroados com nosso medo
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                             Pousaste tuas mãos sobre o medo
E ele perfurou tua carne
A gota rubra
Cai pelos espinhos
No esquecimento...
Em teu rosto vejo estampada a surpresa.
E não sei por quê.
Por quê?
Meu Amor
Tua face estampa mais que o medo
Mas também o toque gélido da morte
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Quando desvio meu olhar
Vejo uma gigantesca serpente
Levando consigo teu precioso rubi
Incrustados em suas escamas.
Em seus afiados marfins
Pontilhando-se de veneno
Ela leva mais que a morte...
Ela leva você...
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Desesperado
Olho para ti.
Como se o tempo houvesse parado
Vejo-te cair
Amparado pelas rosas
Manchando teu corpo
Mas teus olhos ainda brilham
Sua cabeça repousa entre o veludo das flores
Coloco tua cabeça em meu colo
Enquanto tu olhas o eterno alvorecer
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“— Por mais que caminhemos um dia temos de deixar de caminhar. Não posso mais te acompanhar pelos mundos. Em busca do eterno. Minha hora chegou. E fico feliz, por te ter ao meu lado.”
Após dizer o que seu coração dizia
Pude ver o brilho deixar-lhe a face
Aqueles olhos...
Antes a fonte do meu ser
Agora deixam de brilhar
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Com o sopro da vida que o deixou
Todo o mundo mudou
As rosas perderam suas pétalas
Formando um rio negro
De correnteza inquebrantável.
O céu escureceu.
E no mais distante do horizonte
Uma tênue linha de luz se formava.
O rio escoava em direção luz.
O corpo de meu amor
Já não jazia mais sobre meus braços
Ele flutuava em meio às pétalas
Maculando-as com um intenso vermelho
Sua pele alva destacava-se
Navegava como um navio sem seu comandante
A mercê das marés
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Meu coração...
Minha alma...
Não suportaram te perder neste rio.
Uma lágrima...
Escorria por minha face
E ao tocar o solo...
Pude sentir
Que a mesma serpente se enrolava em mim
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Ela enroscou-se em mim
Com seu corpo forte
Me abraçando suavemente
E eu nada fazia.
Ao chegar à altura de minha face
Ela afastou-se
Olhou dentro de meus olhos
E vi...
Vi o rosto de Meu Amor
Com esta última visão
A serpente me presenteou com seu beijo
Suas finas presas
Penetrando em minha carne
Apenas senti que caía
E como uma mãe
A serpente me amparou.
Meus olhos se fechavam...
E antes de deitar-me nos braços da Morte
Pude vê-lo
Meu Amor...
 







Um comentário:

  1. PARABENS SUAS POESIAS SÃO MARAVILHOSAS,E FAZEM MUITO BEM A ALMA .

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