O segredo da Cerveja
Há muito e muitos anos, nos primeiros anos de sua história, a Escócia estava dividida em dois reinos, que viviam constantemente em guerra: o Reino dos pictos e o Reino dos escoceses. Os pictos eram os habitantes da terra , e os escoceses tinham vindo da Irlanda e invadido a terra bem antes do século IX.
Os pictos tinham um segredo. Eles sabiam fazer cerveja de urze, uma plantinha de flores pequenas e coloridas, muito comuns em montanhas de granito. Era um segredo tão precioso que apenas uma família o conhecia. Os membros dessa família haviam guardado esse segredo como um tesouro e o haviam passado de pai para filho, geração após geração.
Os escoceses queriam aprender o segredo da cerveja. Tinham-na provado e estavam determinados a fabricá-la por conta própria. Um dia, os escoceses cavalgaram até o extremo oeste da escócia onde vivia a família que guardava o segredo. Depois de uma longa batalha, um bando de guerreiros escoceses conseguiu capturar o velho pai e seu filho.
O velho e o filho foram trazidos diante do líder dos escoceses. Eles estavam no topo de um penhasco, e as pequenas flores de urze – roxas, cor-de-rosa e brancas – estavam por todos os lados. Lá embaixo o mar se chocava violentamente contra as rochas e gaivotas barulhentas voavam sobre eles.
“Vocês lutaram bem”, disse o chefe dos escoceses. “Mas agora a batalha terminou. Digam-nos o segredo da cerveja, e pouparei suas vidas.”
O velho e o seu filho não disseram uma palavra.
“Muito bem’, disse o chefe dos escoceses depois de alguns segundos. “Vejamos quão corajosos vocês são.”
Durante três dias e três noites os soldados espancaram e torturaram o velho e seu filho. Então o filho gritou: “pai, minhas forças estão no fim. Eu... eu...”
“Cale-se”, disse seu pai. Ele voltou sua cabeça branca para um dos soldados e ordenou: “leve-me até seu líder”.
“Vou lhe contar o segredo”, ele disse, “sob uma condição”.
“Que condição?”, perguntou o chefe dos escoceses.
“Matem meu filho primeiro!”
“O quê?”, exclamou o escocês.
“Levem meu filho à morte. Não quero que ele veja a vergonha que trarei para mim e para minha família quando eu lhe disser o que você quiser saber.”
“É muito justo”, disse o escocês. “Venha e veja você mesmo”.
Ele caminhou até o rapaz,. O velho seguiu-o lentamente. Com um alto brado o general escocês sacou a espada e cortou a garganta do rapaz.
“Aí está velho. Agora conte-me o segredo da cerveja.”
O velho aproximou-se de seu filho e inclinou-se sobre seu cadáver. Passou a mão no rosto do rapaz e fechou-lhe os olhos. Depois, levantou-se de novo e gritou:
“Imbecis! Vocês realmente acham que todos os seus tormentos podem me fazer falar? Eu ouvi os gritos do meu filho. Ele era jovem. Não tinha vivido o suficiente. Para ele a idéia de morrer, de não mais pisar essa grama, não mais contemplar esse mar e não mais ouvir esses pássaros era demais. Eu sabia que ele não conseguiria guardar nosso segredo por muito mais tempo. Por isso lhes pedi que o matassem. O segredo morreu em segurança com ele. Quanto a mim, façam comigo o que quiserem, jamais lhes direi como fazer a cerveja”.
Quando o líder dos escoceses ouviu as palavras do velho, as veias de sua testa saltaram de fúria.
“Levem-no daqui”, ordenou a seus soldados. “Levem-no daqui e atirem-no do penhasco. Que o mar o cubra para sempre com suas lágrimas salgadas!”
E então os homens jogaram o velho picto do penhasco. Ao cair daquela grande altura, ele levou consigo o segredo da cerveja de urze.
Mas... e daí??? Como não existem mais tais reinos, e as receitas alemãs de cervejas são muito boas, qual o problema de se ter perdido a receita de alguma coixsa que não se sabe ao certo o que é???
ResponderExcluirUm viva aos alemães que nos permitiram conhecer sua cerveja. Dane-se o velho que morreu com seu segredinho bobo!!!