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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Medo

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Sociedade dos poetas mortos

Um filme de 1989, com direção de Peter Meir e roteiro por Tom Schulman nos faz pensar em alguns temas que preferimos deixar de lado ou simplesmente fingir que não existe: o medo de seguirmos adiante, o medo de encarar quem somos e esquecer o que isso significa para os outros, de ter firmeza em seus pensamentos e emoções.
Ao longo do filme na Welton Academy, uma escola preparatória do mais alto nível na cadeia de ensino, um antigo aluno retorna par a escola, agora como professor de literatura. Neste sistema o que vigora é o padrão, o não pensar, simplesmente seguir o que outros já fizeram, dirigir as cabeças destes jovens de acordos com seus sistemas e impedi-los de erguer a voz contra o sistema que dita a cada um deles o que pensar, quando pensar e o que fazer com suas vidas.
Inserido neste sistema temos um antigo aluno que já viveu todo o “inferno” da escola e sua rigidez acadêmica. Ele vem com um sopro de vida para um ambiente que é corroído pelas traças do tempo, porém funciona. Quem estuda ali sai com as melhores notas do país, porém não são seres pensantes, são meras máquinas de um sistema antigo, limitador de suas capacidades e onde devem ouvir sem dar a opinião, sejam aos professores ou a seus pais, ditadores tiranos. Quem dá direito a um pai de decidir o que o filho irá fazer na vida? Afinal quem irá viver? O pai ou o filho? Quem sofrerá ou rirá com todo o percurso? O que é melhor para meu pai, seus sonhos e desejos é o 
melhor para mim? Quem tem o poder de decidir isso?
E muitos são oprimidos por seus pais, que não conseguiram realizar seus sonhos e vêem em seus filhos uma forma de conseguir aquilo que não conseguiram alcançar na vida. E somos obrigados a seguir o sonhos dos outros? Não importa que esse “outro”seja nosso pai ou nossa mãe. Eles não tem o direito sobre nossa vida. Quem engendra um ser, que o cria, não o cria para si. Cria-o para o mundo. Por exemplo, já viram um pássaro que permanece eternamente com seu filhote sem lhe dar liberdade para abrir suas próprias asas e seguir com sua vida, criar uma nova família? Esse filhote é uma mera sombra, tanto de seus pais, quanto de si mesmo. È um estorvo aos pais que precisam ficar esgotando suas energias após o processo de aprendizagem terminou. Um dia esse filhote precisa sair do ninho e voar e se ele não sai por bem, os pais o obrigam. Não que os pais percebam, mas faz total diferença um filho que nunca sai do ninho e fica ali a esgotá-los, por mais que amem cuidar de seus filhos, eles precisam descansar. E então vem uma pergunta freqüente, mas e eles? E quando eu sair do ninho o que será deles? Não cabe a você decidir, o tempo passa, e se você não construir seu próprio ninho simplesmente perecerá com eles sem abrir as asas e sentir o frescor da brisa em seu rosto.
E quando o pai o obriga a seguir seus passos, com autoridade e rigidez, usando de sua experiência e dependência que você tem dele para te forçar a fazer o que ele deseja? Use o que aprendeu com ele. Afinal um dia você o viu caçar não? Então use as mesmas técnicas. Um submisso que sempre abaixa a cabeça como se não tivesse vida ou vontade, como será capaz de enfrentar o mundo se nem ao menos é capaz de enfrentar os pais? Ou será que você espera que ele simplesmente abaixem a cabeça e te deem passagem dizendo: vai... toma teu rumo que não nos importamos com você. Não é assim que as coisas funcionam. Você tem que enfrentá-los, erguer sua voz para dizer a sua vontade,  os pais são pessoas como outras, mas eles te puseram neste mundo, por isso eles são as que mais se importam com você e cada um reage de formas diferentes com sua cria. Mas a cria tem que mostrar ao seu criador a sua vontade, porque como ele irá saber seus desejos se ela nunca se manifesta? Se não há contestação, provavelmente é porque não há problema algum.

Isso cai em um tema marcante no filme, o medo. Temos medo de sermos quem somos, porque temos medo da reação dos outros, de como se comportariam caso seguíssemos este ou aquele caminho e também o peso da preocupação com a opinião dos pais, de desagradá-los, de não ser o suficiente para eles. Mas não tem que ser suficiente para ninguém, tem que ser suficiente para você. Ainda que você viva debaixo de uma ponte é por causa de você e não dos outros, mostra que você viveu, batalhou e se arriscou. E então valeu a pena, porque não ficou sentado a espera de algo acontecer, a espera do comando dos outros, de uma direção a seguir, de um líder para te guiar. Você é seu líder e pode dizer que está onde está por suas determinações e não as dos outros. E no futuro não olhar para trás e ver-se como alguém que nunca viveu, que é uma mera sombra de sonhos dos outros enquanto os seus definharam numa poça de fracasso sem nunca tentar persegui-los. Nunca é tarde para recomeçar, mas também as portas não estarão sempre abertas para quando você quiser passar por elas.

E então caímos em outro tema abordado pelo filme, as emoções e a firmeza no pensamento. Quantas vezes não sublimamos o que sentimos novamente por aquele medo da aceitação? O quão fundas estão enraizadas as raízes da insegurança em nossas mentes? Não podemos arrancá-las e lançá-las no abismo eterno do esquecimento? E plantarmos a certeza, regar com a determinação e colher os frutos da razão?
O mais difícil de tudo é acender uma luz quando um mar de rostos marcados pela própria insegurança e inveja virados contra aqueles que ousam erguer-se e dizer o que pensam quando todos os outros se calam e nada dizem? E para esta pequena vela ,como suportar o açoite dos ventos da ignorância?
Todos temos as respostas para as perguntas aqui abordadas, e também as deixadas pelo filme, mas como o John Keating, o antigo aluno e novo professor, ensina no filme, você precisa aprender a pensar. E é o mais difícil para todos nós. Mas com esforço e determinação podemos conseguir. Então para um exercício inicial tome os assuntos aqui abordados como exercícios e também os do filme. Então poderá melhorar, aperfeiçoar quem você é com mais força e confiança em si mesmo.

P.S.
Caso queira compartilhar os resultados, seja bem vindo. Estou ansioso em saber o que descobriram sobre si memos.

2 comentários:

  1. Dhiordan, parabéns pelo post. Bom gosto na escolha do filme e reflexóes.
    Se forte e corajoso! Josué 1:9

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  2. Obrigado professora. Tentando aprende e, se possível ensinar os outros com algumas formas de fazer pensar

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