A Criação de mundos
Escrever, para muitos, é algo extremamente difícil, sentar-se diante de uma folha em branco é quase como mirar-se diante de uma hidra, um monstro, será mesmo tão assustador assim?
Todos nós já passamos por esse dilema quando o professor nos pedia para elaborarmos uma redação. Estávamos diante de um título, um tema e o mais importante, o conteúdo, nos faltava. Redação era, e ainda é muito temida pela maioria. Temos fundamentos para todo esse temor?
Tudo se torna muito maior de acordo com as proporções que lhe atribuímos, e a escrita, a redação não foge a regra, na verdade, podemos dizer que ela é nosso maior exemplo. Sentir-se nervoso, aflito, ansioso, afeta, e muito, nossa capacidade de redigir um bom texto, assim como de pensar com clareza. Então o primeiro passo é sentir-se calmo, com aflição não chegaremos a lugar algum.
Estar calmo em uma situação que muitas vezes exige muito de nós, como em concursos, vestibulares, Enem, é extremamente difícil, contudo sem ela não nos adiantará nos esforçarmos para produzirmos algo mediano, ou mesmo de ruim a péssimo devido ao nosso stress.
A importância de uma redação reside no fato de ela mostrar como você vê o mundo, qual sua visão da sociedade, de uma situação problemática, como você resolveria isto. Uma prova de questões objetivas nem sempre é a melhor forma de avaliar uma pessoa, pois os “chutes” são muito comuns, pondo em cheque a validade real de sua nota. Mas a redação não há como você “chutar’, você tem que ser objetivo, claro, saber convencer as pessoas do que você está falando, ou seja, simplesmente sua capacidade de articulação e persuasão, característica extremamente importantes, não só a um estudante, como a todo profissional de destaque.
Para estarmos mais seguros de si nestas horas tão difíceis, nossos “queridos” professores de português, redação, nos ensinam técnicas, esquemas para facilitar o sucesso de uma redação. Porém utilizar destes meios, sem desenvolver um estilo próprio de escrita te coloca no mesmo nível que a maioria, por exemplo, o que você escolheria: algo personalizado, que demonstra que foi produzido com esmero, dedicação e diferente do resto ou um produto produzido em larga escala, sem criatividade, igual a todos? Nossa redação é como o nosso produto de maior valor então devemos cuidar muito bem dele.
Outro item fundamental para se escrever bem é gostar de escrever. Quando você não gosta de algo a tendência é não se dedicar realmente, fazer por fazer, ou mesmo se esforçando aquilo não lhe dá prazer, e a monotonia tira sua atenção, conseqüentemente a qualidade será esquecida.
Como gostar de escrever? Temos dois caminhos, lendo e escrevendo. Não há como fugir, para escrever bem devemos escrever, é praticando que se aprende e se aprimora. E outro fator essencial é ler, ler o que outros escrevem para aprender com eles. Em um mercado competidor observamos os competidores para aprendermos com seus acertos e melhorarmos os seus erros. Certo então alguns se levantam e dizem que estariam competindo com grandes escritores? Sim, porque não? Eles um dia também foram como você, e o que fizeram? Se dedicaram, aprenderam com outros grandes antes deles e desenvolveram seus próprios estilos de literatura, de escrita.
É claro que existe uma enorme diferença entre um texto literário, um texto jornalístico, um texto dissertativo e por aí vai. Porém mesmo com tantas diferenças ler sempre é uma aquisição, não importa o que você lê, você estará aprendendo algo, mesmo que seja algo inútil, mas estará aprendendo.
Não podemos nos iludir que nossos nobres leitores e futuros escritores, mesmo que apenas por um dia em um concurso, leiam grandes tratados, obras literárias sendo que antes só liam os cartazes da rua, as mensagens do e-mail, MSN, facebook. Porém temos que iniciar a leitura e quanto mais cedo começarmos, mais cedo nos desenvolvemos.
Acima falei sobre a escrita como algo, de certa forma, obrigatório, cansativo, monótono. E para os que gostam de escrever? Que escrevem romances, artigos, blogs como este, para nós a escrita não é um monstro, e sim uma benção.
A escrita nos permite criar novos mundos, novas realidades, vidas, seres, universos, ela nos permite, de certa forma, sermos deuses, deuses de nosso mundo, somos nós que passamos a definir o destino dos personagens.
Há muitos anos eu criei uma personagem, e ao longo do tempo ela se tornou tão constante que é quase como se ela existisse, e existe, para mim. Definir suas falas, seu ambiente, não é apenas isso, é mais. Quando escrevo é como se os personagens sussurrassem as palavras para mim, e eu sou o seu tradutor. Trazendo para este mundo, parte do mundo deles, da existência deles.
Não há nada que se iguale a criação de um mundo, de uma história, de rir com ela, de se encantar com suas passagens, chorar com eles, o autor faz parte da história, mesmo que indiretamente, somos um personagem à parte, que sabe tudo de todos e ao mesmo tempo não sabe nada, pois tudo pode mudar de uma hora para outra.
Espero ter podido encantar vocês ao menos um pouco com este mundo tão deslumbrante da magia da escrita, das palavras. Para finalizar este post trago uma pequena parte da história que escrevo sobre a personagem que me marcou tão profundamente e ainda está comigo, espero que gostem dessa história. Até a próxima.
Prólogo
U ma antiga floresta, tão antiga quanto às eras, eterna, protegendo segredo que nunca devem ser revelados, dominava a vista por centenas de quilômetros. Uma manta de relva verde cobria a colina e os prados, um verde único, resplandecente com o luar, ondulante tal qual o mar embalado pela brisa suave.
Houve um suave ruído soerguendo a terra. Da terra uma mulher negra apareceu. Cabelos como a neve, emitindo o odor de terra molhada. Olhos da cor das areias dos desertos, distantes e serenos, escondendo a fúria dos terremotos. A mulher estava impassível, uma rocha. Elevada estatura, porte de uma rainha. Vestia uma longa túnica marrom pontilhada de pedras levemente amarronzadas lembrando o âmbar, as mangas da túnica esvoaçavam ao vento com a aparência de uma árvore que estivesse ali a centenas de anos e ansiasse pelo acariciar da brisa em suas folhas. Portava uma lança feita de ônix, formado nas crateras subterrâneas, nele estavam gravadas formas entrelaçadas, como as árvores espinhosas da savana, a ponta da lança, mais parecida com um bastão pela espessura, era feita de bronze impregnando a arma de algo ligado às terras vermelhas do horizonte. Após sua aparição uma cadeira, um verdadeiro trono, irrompeu do chão, negra, crescendo dela pequenos galhos formando o espaldar da cadeira.
Com outro ruído, um pequeno turbilhão de ar se formou e uma segunda mulher surgiu. Extremamente pálida, quase translúcida, olhos verdadeiras tempestade. Cabelos negros que ao mais leve movimento parecia esmaecer suavemente adquirindo tons mais suaves. Expressava um leve desinteresse pelas coisas relacionadas a terra, concentrava-se no céu. Era mais baixa que a primeira mulher, contudo igualmente destacava-se como soberana. Trajava um elegante kimono, branquíssimo, flutuava, parecia não possuir peso e abaixo do busto uma faixa levemente azulada, o azul do céu sem nuvens, completava a veste. A mulher usava uma espada, cabo longo, provavelmente feito de uma rocha porosa, pois possuía muitas cavidades cravejadas de pequenos cristais. A lâmina não estava visível, contudo, ao flutuar do kimono vislumbramos a lâmina, incrivelmente afiada e totalmente transparente, conquanto não fosse tocada permanecia assim, sutil e letal. Condensou-se do ar uma segunda cadeira tão límpida que não parecia existir, apenas quando tocada pelo vento tornava-se discernível
O que a escrita acrescentou no processo pedagógico? E como era antes dela?
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