Ana Karênina
Leão Tolstói
possuem uma sutileza própria da alma de cada ser humano. A sociedade russa nos é apresentada de forma sublime e envolvente no desenvolver da vida e história de cada personagem. Leão Tolstói possui uma incrível capacidade de explorar o desconforto, tormento e indecisão da nobreza russa perante os percalços da vida.
Dária Alieksándrovna decide pedir o divorcio a Stiepan Arcádievitch por este ser um marido infiel. Dolly (nome íntimo de Dária) decide extirpar as relações que possui com o marido quando descobre um bilhete endereçado a Stiepan pela preceptora francesa dos filhos. Dolly fica indignada, pois aquele que deveria ser seu marido puro de outrora está a fornicar com a preceptora das crianças. Para remediar sua situação, Stiepan clama a sua irmã que com sua beleza e carisma resolva a situação.
Dária Alieksándrovna é a personificação das mulheres dedicadas a casa, ao marido e as crianças. Ao olharmos para as mulheres da época de Tolstói, e até mesmo atualmente, veremos que são forçadas a casar pelos pais com o pretendente ideal, com a maior fortuna, sem possuírem, muitas vezes, a menor estima pelo pretendente. Resta disso, após algum tempo de casamento, a infelicidade do casal, a mulher tendo de representar o papel de esposa dedicada, quando na verdade o despreza. E o homem passa a ignorar a mulher e encontra na traição uma forma de fugir do desgaste das constantes discussões.
Mulheres como Dolly não possuem saída, elas são preparadas para o casamento, nos assuntos de casa, na criação dos filhos, mas não lhes és dada uma educação que as permita possuírem uma forma de se sustentar independentemente, e caso uma mulher se tornasse independe era vista como uma perdida. Dolly se dá conta ao longo do livro que despreza o marido, mas depende dele, pois não pode abandoná-lo e criar seus seis filhos sozinha, como iria educa-los, alimenta-los, vesti-los? O desprezo que sente deve-se ao fato de compreender o porque da traição, já não é mais uma mulher bonita, absteve-se de sua beleza para se dedicar aos filhos, sempre freqüentes nos quinze anos de casada e seus atrativos definharam como uma rosa fora da água, e seu marido procura rosas frescas. A compreensão de sua situação se dá no decorrer da história, ela percebe que por mais que despreze o marido, após sua traição, não pode abandoná-lo ele é sua ponte no meio do abismo da vida, uma ponte desgastada e velha, porém sua única.
Para todos os amantes dos livros vale à pena ler este livro, se infiltrar na Rússia, no mundo da política russa, dessa sociedade composta por traços ao mesmo tempo ocidentais e orientais. Podemos encontrar em Ana e Stiepan um estágio de envolvendo das diversas culturas. E para mergulharmos neste outro universo basta que você abra o portal para a Rússia de Leão Tolstói, não se arrependerá.
Para terminar esse pequeno presente. Não vi o filme, mas o trailer é muito bonito, com certeza o filme passa a imagem da dor dessa mulher.
Ana Karenina
Autor: Leão Tolstói
Editora: Abril
Número de páginas: 749
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