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domingo, 22 de janeiro de 2012

Alcançar o Eu, a dor de existir


Alcançar o Eu, a dor de existir

Toco a relva, tão macia, tão bela
El a me lembra tanto outros tempos
Outros passados
Outros sonhos
Todos deixados neste mesmo ponto
Inacabados
Talvez porque o toque tenha sido tão áspero que levou consigo a beleza da vida
Não é algo que se possa controlar
É algo que simplesmente existe
E mesmo existindo tanta dor
Em meio a ela a felicidade também surge
Talvez a única flor deste jardim
A única flor que resistiu ao tempo
Que resistiu aos ardores do fogo
Fogo que habita em mim e me queima lentamente
Queima a essência divina
Queima a alma que por tanto tempo sofreu com as torturas do tártaro
Acorrentada aos elos do passado

Um passado onde os piores castigos fustigaram meu ser
Fustigaram algo que nem mesmo sei ao certo o que é
Não sei porque o perdi
Perdi nos campos onde os corpos de todos que amei estavam espalhados pelo chão
Me lembrando que cada um deles tinha um sonho
Que cada um deles também amava
E agora estavam ali
Sua vida já não mais existia
Existia apenas uma mera sombra de tudo o que foram
E tudo o que havia construído acabou por ruir
Desabar sobre si mesmo
Talvez um dia eu também me encontre soterrado nestes campos
Mas até lá quero poder desfrutar de cada um de meus sonhos
Pois um dia todos eles também vão ser pó
Irão sucumbir comigo
E tudo aquilo que tanto lutei não mais existirá
Espero um dia poder olhar para trás e dizer que realmente valeu à pena
Que realmente sei quem sou
Que não sou apenas uma sombra
Sombra de mim mesmo
Sombra dos outros
Talvez possa ser não a sombra
Mas a luz
Um astro
Brilhando no coração de alguém
E então posso partir
Pois sei que minha luz permanece
Como as estrelas no céu
Que apesar de mortas, continuam a brilhar



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