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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Asas sonhadas


Asas Sonhadas

É tão frio aqui
Em meu coração.
Que decidi escalar esta montanha
E esperar...
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Agora estou observando
O vôo dos pássaros.
Como gostaria de voar
De poder simplesmente abrir minhas asas
Alçar vôo
E subir
Mais...
E mais...
Voar entre as nuvens
Sentindo a liberdade em cada músculo
Fechar os olhos
E não mais ser
Quem sou.
Deixar que as correntes de ar levarem-me
Este pequeno grão de areia
Para qualquer lugar.
 
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Porém, não sou um pássaro
Sou um ser sem asas
Preso ao chão

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As folhas caem
Um espetáculo tão belo...
Deito-me numa cama
De ouro e bronze
Vivos
Como a árvore que os gerou
Fecho meus olhos
E não vejo mais nada

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Não sei quanto tempo se passou
As estações fluíram
Como o rio
Ininterruptas
Meu leito deixou de ser cobre e ouro
Para ser um veludo branco e envolvente
Seguiu mudando
Para uma maciez engendrada pelos mais diversos aromas
Os aromas se foram...
Deixaram a terra com o calor pulsante
Da alma...

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E ao abrir, novamente meus olhos
O cobre e o ouro reinam soberanos
Passou-se tantas estações
Que meu corpo também mudou
Meus cabelos cresceram de tal forma
Que agora enraizaram-se
Em busca da essência que me falta
Raízes se entrelaçam por mim
Me prendem

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Próxima ao meu rosto
Está uma linda flor
Crescera durante meu sono.
Possuía um único botão
Via-se que toda a energia fora empenhada
Em produzir essa flor

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Lentamente o botão se abre
Desvelando formas
Tão magníficas e belas
Ofuscantes a minha alma
Tão perdida em trevas

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O que seria desta flor
Se ela nunca se abrisse?
Perder-se-ia?
Nunca revelar-se-ia ao mundo?
Será que fui como ela?
Consegui florescer...
Ou acabei perecendo
Sem nunca encontrar
Quem realmente sou?
Há uma razão para tudo isso?

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É como se minhas raízes
Houvessem encontrado
Não o líquido capaz de me dar vida
Mas sim um veneno letal

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Ele se espalha lentamente
Sinto o desfalecimento de meu corpo
Sem nada poder fazer
E a única flor
Formada por meu ser
Para algum dia desabrochar
Fenece
Ela nunca irá desabrochar
Foi-se no tempo...
Tudo desmorona

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O veneno levou consigo
Minha essência vital

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Contudo,
De alguma forma
Antes de minha consciência descer para os abismos sem fim
Uma forma se aproxima
Ela era feita da própria natureza
As folhas formavam seu corpo
Em constante flutuação

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“Cuido de minhas filhas
Elas não podem fenecer
Antes de desabrocharem
É por isso que vêem até este bosque
Para seu último desabrochar
Esta linda flor que vês
É o teu amor
Que desististe de encontrar
Em teu sono, ele, assim como você, veio até mim
Deitaste ao teu lado,
Esperando que um dia pudesse despertar e encontrar em teus olhos
O sol
Que o faria ser a mais bela flor deste bosque.
Porém, nunca acordaste.
E ele também dormiu,
Esperando poder chegar até você em seus sonhos.
Mas tuas raízes encontraram um veneno incurável
Que nada posso fazer.
Teu amor desabrochou assim que o olhaste
Sem o esplendor divino, porque ele está tão longe.
Mas floresceu, porque as flores desabrocham quando o sol da primavera espanta o manto gélido que as impede de abrir seus botões.
Tu, meu filho, não possuis mais este sol.
Sei que a dor se espalha por cada membro teu,
Mil adagas envenenadas te perfuram para te levar para as sombras.
Posso diminuir tua dor.”
Com um gesto
Percorreu todo meu corpo
E minha dor abrandou
O meu tempo...
A minha ampulheta...
Deixaram de escoar

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“Meu filho, tu és agora uma mera pétala, da inigualável flor que seria.”
E ao soprar da brisa
Com o canto
Das fênixs divinas
Soprou a pétala para
O céu...
Para que
Ao menos uma vez
Ele soubesse o que era
Voar







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