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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Adormecer do Mundo


Adormecer
Do Universo


Tantas vezes observamos as estrelas
E pensamos estar vendo
Refletido no céu
O sorriso...
Sorriso de um ser amado
Que não está ao alcance de um toque...
De um leve farfalhar da brisa
A tocar suavemente
A pele
Como a incitar
De uma região distante e esquecida
Tudo o que os humanos esqueceram
E nestes instantes
A brisa leva consigo
Mais que as folhas tépidas
De um eterno outono
Sempre a esperar a aspereza do inverno
Sem nunca desfrutar
Do veludo da neve
Da pureza imaculada
De uma existência sonhada
E tão esperada
Mas a neve
De tão pura
Se desfaz ao menor toque
E com ela se esvai
Os sonhos
Traçados sob os antigos carvalhos
Sob a chuva dourada
Agora substituída
Pelo ouro
Ouro que retine por sua brancura
A penetrar a luz
E a esmaecer
Cada tom dos sentimentos
Como a dizer que tudo não passa de um sonho
Que as estrelas
São pontos inalcançáveis
Onde os homens depositam suas esperanças
Com o desejo
De vê-las tornarem-se reais
Pelas mãos do divino
E o tempo passa
As areias escorrem pela ampulheta
Mostrando como a vida é pequena
Como é instável
Como ao mais leve toque ela pode se desfazer
E flutuar para o abismo
Onde a existência não tem sentido
Onde as estações
Se perdem
Em uma vastidão eterna
Tentando alcançar o inalcançável
Como se a escuridão fosse palpável
E dela surgissem braços
Que amparassem 
A chuva pálida
E a dourada
Transmutando-as
Em algo jamais sonhado
Por uma mente mortal
E o resultado escoa para as profundezas
Procurando a saída das trevas
Procurando o vazio
Onde possam escoar para eternidade
De uma mente
Uma mente ansiosa
Por respostas
Que nunca surgem
Porque caem
Em um abismo sem fim
-----------
A primavera deixou de existir
O canto dos pássaros já não se ouve
O tilintar da vida germinando
Foi-se,
Com a vida
Que a cada instante se afasta cada vez mais

O verão
Tornou-se gélido
Os cálidos raios solares
Tornaram-se
A foice da morte divina
Já não sustenta mais a vida
A ceifa


Seus raios gelam as planícies
Os raios divinos são as adagas divinas
Para punir os mortais
Com o sangue derramado
De um celestial que definha no horizonte
E busca a vida
No único local que encontrar
O inverno chegou a estas terras
Trouxe a morte
Parou o trono do
 Senhor do tempo
Distorceu os véus da realidade

E neste mundo
Não há distinção do que é realidade
Da fantasia
E minha mente já não suporta tal caos.
O universo retorna a sua origem
E nos arrasta com ele
Mas não é permitido a nós ver sua origem
Então definhamos no caminho
Vemos a morte imperando
E ruindo
Tudo o que era belo
Tudo o que era vivo
Mas a destruição tem sua beleza
Cruel...
Eficaz...
Arrasando em suas ondas de fogo e gelo
As cercanias do mundo
Trazendo as profecias antigas
Trazendo ao mundo
O poder celestial
---------
Dós céus
Uma forte luz emana
Apaga cada contorno do universo
E o Sol definhante
Expande sua maça
Em um raio de luz
E dos meus sonhos
Desperto

sábado, 12 de novembro de 2011

Eco e Narciso

Eco e Narciso

Eco era o nome de uma ninfa muito tagarela, que conversava muito e sem pensar. Não conseguia ouvir em silêncio quando alguém estava falando. Sempre se intrometia e interrompia, nem que fosse para concordar e repetir o que o outro dizia. Um dia, fez isso com a ciumenta deusa Juno, quando ela andava pelos bosques furiosa, procurando o marido Júpiter, que brincava com as ninfas. A tagarelice de Eco atrasou a poderosa Juno, que resolveu:
— De agora em diante, sua língua só vai servir para o mínimo possível.

E a partir desse dia, a coitada da Eco só podia mesmo repetir as últimas palavras do que alguém dissesse. Sua voz deixou de expressar suas próprias palavras.

Por isso, algum tempo depois, quando ela viu um rapaz belíssimo e se apaixonou por ele, tratou de ir atrás sem dizer nada, em silêncio. Esse rapaz se chamava Narciso e dizem que foi o homem mais bonito e deslumbrante que já existiu. Todo mundo se enamorava dele, que nem ligava.

Eco ficou louca por Narciso e o seguia por toda parte. Bem que tinha vontade de se aproximar e confessar seu amor, mas não tinha mais que a própria fala, não podia enunciar seus pensamentos e sentimentos... Só lhe restava ficar escondida, por perto, esperando que ele dissesse alguma coisa que ela pudesse repetir.

Um dia, o belo Narciso estava passeando no bosque com uns amigos, mas se perdeu do grupo e não conseguiu encontrá-los. Começo então a chamá-los:

—Tem alguém aí?

Era a chance da ninfa! E, ela logo respondeu, ainda escondida:

—Aqui! Aqui!

Espantado, Narciso olhou em volta e não viu ninguém. Chamou:

—Vem cá!

E ela repetiu:

—Vem cá! Vem cá!

Não vendo ninguém, ele perguntou:

—Por que me evita?

—Por que me evita? – foi a única resposta que ouviu.

O rapaz não desistiu:

—Vamos nos encontrar...

Toda feliz, Eco saiu do meio das árvores e correu para abraçá-lo, repetindo:

—Vamos nos encontrar...

Mas ele fugiu dela, gritando:

— Pare com isso! Prefiro a morte a deixar que você me toque!

A pobre Eco só podia repetir:

—Que você me toque... Que você me toque...

E saiu correndo, triste e envergonhada, para se esconder no fundo de uma caverna. Sofreu tanto com essa dor de amor, que foi emagrecendo, definhando, até perder o corpo, desaparecer por completo e ficar reduzida apenas a uma voz, repetindo as palavras dos outros – isso que nós chamamos de eco.

Narciso continuou sua vida, sempre da mesma maneira. Sem ligar para ninguém, nunca se importando com os outros, brincando com os sentimentos alheios. Até que alguém, que ele fez sofrer muito, rezou para Nêmesis, a Deusa do Destino, e pediu:

—Que ele possa amar alguém tanto quanto nós o amamos! E que também seja impossível que ele conquiste seu amor!

Nêmesis ouviu essa oração. Achou que era justa e resolveu atender ao pedido.

Havia no fundo do bosque um laguinho de águas cristalinas e tranqüilas, onde nunca vinha um animal beber água e não caíam folhas ou galhos secos - um verdadeiro espelho. Era cercado por uma grama verdinha e macia. Um lugar muito fresco e agradável. Um dia, no meio de uma caçada, Narciso passou por ali. Com sede, resolveu tomar um pouco de água. Deitado na margem. Com a cabeça inclinada sobre o lago, ficou encantado pela belíssima imagem que via. Nunca tinha se visto num espelho e não sabia que era sua própria imagem que via. Imediatamente se apaixonou, maravilhado por tanta beleza. Ficou ali parado, contemplando aquele rosto mais bonito do que o de qualquer estátua de mármore que jamais vira. Suspirava, extasiado diante daqueles olhos brilhantes como estrelas. Admirava o pescoço elegante, o rosto adorável, os cachos abundantes do cabelo, emoldurando um rosto de proporções perfeitas incomparáveis. Nem mesmo um deus poderia ser tão belo!
 
Os amigos apareceram para procurá-lo, mas ele não deu atenção. Chamaram-no para ir embora, mas ele ficou. Olhando o reflexo no lago.

Quando sorria, aquela criatura divina lhe sorria ao mesmo tempo. Quando aproximava os lábios da superfície, via que o outro rosto também chegava mais perto, preparando um beijo. Mas, as se tocarem, o outro rosto sumia e só ficava água. Mergulhou os braços na água, tentando puxar para si aquele pescoço, trazer aquele corpo para seu abraço. Mas tudo se devolvia.

Muito tempo Narciso ficou ali, sem comer nem dormir, admirando aquele ser por quem estava apaixonado. Chorou – e suas lágrimas caíram sobre a imagem, que chorava com ele, e ficou turva.

— Ai de mim! – gemia ele.

A única resposta que tinha era de Eco, sempre escondida:

—Ai de mim!

Consumindo-se de amor, sem conseguir sair dali, Narciso ficou desesperado, rasgou suas vestes, se arranhou todo, puxou os próprios cabelos. Na água, a imagem fazia o mesmo. Mas ele não podia agarrá-la. Nem tinha forças para prestar atenção em mais nada que não fosse aquele rosto refletido no lago.

Desinteressado de tudo, cada vez mais fascindo por si mesmo, foi definhando. Ao perceber que ia morrer, suspirou:

—Adeus! Adeus

Fechou os olhos, deixou cair a cabeça sobre a grama. Na água o rosto sumiu. Só Eco respondeu:

—ADEUS!

Mais tarde, os amigos voltaram. Mas já o encontraram morto. Prepararam tudo para o funeral, e, quando vieram buscar o corpo, ele não estava mais lá. Em seu lugar nascera uma flor branca perfumada e linda, com uma estrela de pétalas brancas em volta de um miolo amarelo. Para sempre chamada de Narciso.






terça-feira, 8 de novembro de 2011

Árvore de Cristais

Árvore de Cristais
Um murmúrio escapa das águas
Esse mesmo murmúrio ecoa pelas encostas
Um eco de algo distante
Um eco de saudade
Saudade das sombras
Saudades de alguém que as águas levaram
Em seu fluxo incessante
Através de seu curso elas tragaram a alma
A alma de um ser vivente
E apenas um fio prateado a liga a terra
Mas a cada tremeluzir
A umidade o corrói
E falta pouco para desfazer-se sobre as águas
---------
No fio prateado
Encontra-se a origem dos murmúrios
Uma linda mulher encontra-se deitada
Com um longo vestido branco
Encobrindo a relva
Trazendo a alvura a selva
Intensamente contrastado com a cascata em suas costas
O rubro do sangue
Portador da vida
Como a mostrar que a vida dela escoa lentamente através de sua voz
O rosto voltado ao solo
A contemplar algo que nascia
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Me aproximei
Observando-a
Abaixando-me pude contemplar seus olhos
Seus olhos já não possuíam o azul das profundezas oceânicas
Mas sim o cinza de um céu que espera a tempestade
Sem nada poder fazer
Tendo que abandonar o suave azul
Para dar lugar ao vazio de cores
Ao vazio do significado
De uma vida sem razão
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Deles pequenos cristais escorriam
Caíam
Refletiam a luz do sol
A decompunham em inúmeras cores
Trazendo um triste espetáculo
Os cristais infiltravam-se no solo
Como a buscar a sua origem
Como a poder encontrar o lugar a qual pertenciam
Não em uma jóia
A ostentar-se
Mas sim no seio da terra
Buscando o sono da eternidade
No silencio do útero
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Toquei seu rosto
Porém ela não desviou seu olhar
Continuava a olhar a terra
A dar-lhe seus próprios cristais
Em seu rosto lia-se a dor
E também a esperança
Talvez a esperança de que talvez um dia
Tais cristais
Formassem em seu âmago a jóia que ela tanto aguardava
Entrelaçadas no fio da dor e da saudade
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Sentei-me em sua frente
Apenas ouvindo sua voz
Cuja melodia harmonizava-se com os instrumentos das águas
Sob este concerto
Dormi
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Ao abrir os olhos
Ainda a vi diante de mim
Contudo algo havia mudado
Ela já não era mais tão jovem
Seu rosto agora guardava a dor da paciência
E seu canto mudara
Agora muito mais tocante
E ainda mais suave
Como se o tempo houvesse desgastado sua voz
Como faz com as montanhas, aos poucos
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Também nascera
Onde os cristais caíram
Uma linda árvore
Erguia-se
Como um farol
No mar da floresta
Com seu tronco alvo
Refulgindo
Aos intrépidos forasteiros das regiões selvagens e intocadas
Suas folhas emitiam um leve brilho
O sol a aquecia e a presenteava com seu brilho
Fazia dela seu próprio espelho
Do refulgir divino
Negado aos olhos mortais
De seus galhos pendiam as folhas
Ondeantes
Entre seus galhos inúmeros botões repousavam
Ali o brilho incidia de forma intensa
E única
Porém nenhum deles abria-se
Esperam o momento de desabrochar sua essência ao mundo
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No momento em que abri os olhos
Percebi o porquê de esta árvore ser assim
Ela nasceu dos cristais
Que a mulher presenteou a Terra
Por isso a árvore também decompunha a luz do sol
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Mas a mulher parecia não suportar mais
Ela já carregara dentro de si tanto peso
Tanta dor
Que parecia já ter cumprido seu papel
Olhou para cima
Em direção á copa da árvore
E seus olhos que antes eram cinzas
Voltaram ao azul claro dos céus
Como se a tempestade houvesse finalmente cessado
E houvesse chegado a hora das nuvens de tempestade irem embora
E sua vida dependia da chuva
Das nuvens cinzas
Do canto cálido de seus lábios
Do canto das águas
Por um instante o tempo silenciou-se
Não ouvia-se mais um único ruído
Apenas sua voz
Vinda do mais profundo de sua alma
E este canto rompeu o frágil fio prateado que a ligava ao mundo dos vivos
Neste exato instante
Todos os botões da árvore se abriram
Emanando a luz das estrelas
Em um único instante toda a vida parou
E sentiram a força que pulsava da árvore alva
Uma luz dourada irradiou-se por toda a floresta
Atingindo os pontos mais sombrios
As trevas mais inalcançáveis
E por este instante
Cada ser pode sentir o que é algo que os humanos
Em seus medos
E desesperos
Chamaram de Amor
Neste instante a vida escorreu dos botões
Eles desabrocharam nas flores da própria existência
E cada uma delas
De forma única e indescritível emanou seu perfume
O aroma do paraíso a qual todos almejam
Mas não era intocável
Era real
Tangível
Tocável
Embriagado por tal aroma percebi que as flores já não mais existiam
Em seu lugar formavam-se sementes
As sementes de um sentimento pleno
E puro
A brisa as abraçou
Levando-as em seus braços para os recantos do mundo
Para florescerem em novas árvores
Pude presenciar o plainar dos cristais
Nascidos da árvore
Que agora espalhavam-se com o vento
---------
Mas onde estaria sua geradora?
Pois, afinal, foi graças à mulher que a árvore nascera
Pude ver seu corpo sob os pés da árvore
Deitado sob um véu de folhas da própria árvore
Como se ela se deitasse sobre o manto das estrelas
Mas ela estava dormindo
Não dormindo o sono dos mortais
Sim o sono dos imortais
Embalada pelo eco de sua voz
Que ainda ecoava pela floresta
Ao meu lado
Vendo-me
Estava ela
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Parara a poucos passos de mim
E toda a dor que sentira sumira de sua face
Agora estampava felicidade
Alegria
Amor
Ela caminhou até mim
Parou
Tocou meu rosto
Como se eu não fosse real
E sua voz musical novamente ecoou
“É você, sabia que um dia ainda te encontraria. E hoje você está aqui. Diante de mim. Se lembra de mim?”
“Me desculpe. Mas não. Tentei falar com você, mas você não me ouvia”
“Meu amor! Isso significa que sempre esteve comigo. Que nunca me deixou. Sou eu. Seu amor. Sua vida. Lembra-se?”
Como se tecidos se rasgassem e eu pudesse ver através deles eu a vi
A vi como ela era
A vi quando a amava
Quando ela era meu próprio ser
E agora sei o porquê que segui aquele fio prateado e fiquei ao seu lado
Porque nunca poderia abandoná-la
“Sim”
Os cristais que eu sempre vi caírem de sua face também escorreram da minha
“Sim. Eu me lembro agora. Me lembro de tudo. Ah, como eu te amo! E depois de todo esse tempo. Te vendo sofrer. Bem aqui. Diante de meus olhos. Como pode?”
“Isso não importa mais. O que importa é que estamos juntos. Você sabe agora o porquê que eu fiquei aqui esse tempo todo?”
“Não... mas... me desculpe por isso. Por tudo. Por te deixar!”
“É muito maior que nós. E não cabia a você decidir. Foi aqui que você me deixou e partiu para longe de meus braços. E também é aqui que seu corpo jaz. Esta árvore nasceu de você. Por isso a reguei com minhas lágrimas. Com meu amor. E ela cresceu. Agora é a hora de partirmos.”
“Juntos”
Nos abraçamos
E das águas
Surgiu uma intensa luz
Que nos enlaçou
E nos levou
Como um último vislumbre da Terra
Pude ver que toda a encosta em que a árvore residia desmoronou
Veio abaixo sobre a força das águas
Sepultando a Ávore de Cristais






domingo, 6 de novembro de 2011

Fé e Razão



Fé e Razão
A sociedade atual considera a razão como fonte de toda a verdade e consequentemente uma forma de extirpar as crenças. Mas tal conceito não possui fundamentos que sustentem esta tese.
Por exemplo, a palavra razão vem das palavras Logos, de origem grega,  do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular. Ratio, do verbo latino reor, que quer dizer: contar, reunir, medir, juntar, separar, calcular.  Desta forma a razão funciona da mesma forma que a crença, reunindo, contando, juntando, separando os diversos elementos para formar um todo.
Não perde-se a crença em algo porque passa-se a pensar sobre ele. Simplesmente temos mais fundamentos naquilo em que acreditamos, ao invés de ouvir cegamente o que nos é dito sem refletir.
A própria ciência é uma forma de crença. Todas as informações que nos são reveladas não temos verdadeiro acesso a elas e os cientista se tornam sacerdotes do saber da mesma forma que os sacerdotes religiosos, uma vez que fizeram da ciência sua própria religião com sua verdades incontestáveis e inabaláveis.
Ao longo da história verdade que foram consideradas incontestáveis pelo uso da razão com a Terra ser o centro do universo caíram por terra. Mas essa mesma razão não evadiu dos templos seus fiéis. A razão e a ciência são filhas da religião e como tais não há razão de negar a preceptora .
As bases da razão tornam a mente mais apta a lidar com o mundo que a cerca, e também possibilitando aos humanos questionarem o que crêem.
Não há motivo de uma guerra entre razão e crença. Atualmente elas estão mais próximas que nunca, porém não temos a capacidade de percepção para observar tal fato.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Peixe Sobrenatural

O Peixe Sobrenatural
Liu Jingshu
Na beira de um caminho existia uma figueira frondosa. Toda vez que chovi, seu tronco enchia-se de água, pois estava oco. Um dia passou por ali o dono de uma peixaria. Ele sentou-se debaixo da árvore para descansar. Ao descobrir o oco no tronco da figueira, jogou dentro dele um peixe.
Algum tempo depois veio por esse mesmo caminho um viajante. Ele ficou maravilhado ao descobrir que aquela árvore era capaz de dar peixes.
— Deve ser um peixe santo - disse.
A notícia se espalhou. Veio gente de todo lugar para ver o peixe sobrenatural. Rezavam e faziam oferendas ao peixe santo. O lugar ficou muito conhecido, inclusive com um feira próspera, onde se vendia de tudo.
Acontece que passou por ali outra vez o dono da peixaria. Vendo as consequências do seu gesto, ele pescou o peixe e o comeu frito da frente de todo mundo.
Desde então, ninguémmais veio queimar incenso debaixo da figueira.